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terça-feira, 3 de abril de 2018

Arqueologia da Destruição


 
Motivadas pelo desastre em 2015 na barragem da Mineradora Samarco, localizada no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, as artistas Cristiani Papini, Inês Antonini, Lorena D’Arc e Regina Paula Mota apresentam um conjunto de obras a partir da ruína. O trabalho da arte na mostra “Arqueologia da Destruição”  é o enfrentamento dos processos de destruição e ruptura, vivenciados em suas poéticas e processos artísticos.

A prevalência do barro como suporte da expressão não é mera coincidência. Trata-se do desafio de reconstruir a partir do caos - metáforas da lama e da vida.

No trabalho de Inês Antonini, une-se a tradição da cerâmica oriental e a contingência do real. Os cacos da louça da avó, em si mesmo um desastre, reaparecem em pratos rústicos como traços da memória. Os derretimentos são narrativas da ação do fogo e do tempo, que ao destruírem também constroem o acaso. Lorena D’Arc apresenta uma obra refinada, em que a porcelana é também ultrajada pelo barro, que marca a passagem do tempo, da destruição e do esquecimento. Seus pequenos potes recobertos pela lama do desastre, expressam um tempo congelado, marcado pelos tons do minério e da dor.

Cristiani Papini e Regina Paula Mota enfrentam diretamente a tragédia de Mariana por meio de imagens na cerâmica, na fotografia e na pintura, deixando claras as referências nos registros reproduzidos ora em transferências sobre o barro, ou na delicada película do papel de arroz pela fotografia de Papini, que refaz no vazio o rio destruído. Seu rio modelado, apresenta no fluxo de suas ondas, a perda do brilho de suas águas puras. Na mesma vertente, os suvenires de Regina, ao invés de apresentarem paisagens bucólicas em suas superfícies, denunciam por meio de imagens turvas e relatos, a triste realidade local.

Em “Arqueologia da Destruição”, os trabalhos tratam da fragilidade e força da terra e da arte.