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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Saúde, desenvolvimento e inovação no Brasil: 'CSP' lança suplemento especial

Na atual conjuntura, quando discussões políticas acaloradas debatem corte de gastos, prioridades dos investimentos públicos e recessão, falar sobre o papel da saúde no desenvolvimento do Brasil torna-se urgente. Dando subsídios para as discussões e aprofundando o tema, foi lançado, na sexta-feira, 2 de dezembro, o suplemento especial "Saúde, desenvolvimento e inovação no Brasil", dos Cadernos de Saúde Pública, revista científica publicada mensalmente pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Na ocasião do lançamento, foi realizado um Ceensp especial com alguns dos nomes que assinam artigos no suplemento. Ao todo, três mesas de discussão que abordaram o complexo industrial da saúde, o papel das instituições frente aos atuais desafios, a desfinanceirização do SUS, entre outros assuntos.

Ao abrir o evento, Tatiana Wargas, vice-diretora de Ensino da ENSP, falou da importância da publicação em um momento tão complexo da vida nacional e da possibilidade de ofertar ao público um debate qualificado. Segundo Cláudia Travassos, editora do CSP, já são, ao longo da história da publicação, cerca de 50 suplementos especiais, alguns deles tendo alcançado grande sucesso editorial ao tratar de temas urgentes para a sociedade.
- Lembro de um chamado "Epidemiologia da Aids no Brasil". A pesquisa Nascer no Brasil também originou um suplemento com grande repercussão, e alguns dos seus resultados, que continuam a ser publicados, têm sido de grande interesse da imprensa e da sociedade.



Em seguida, foi realizada a mesa de discussão "Um olhar internacional sobre as discussões entre saúde e desenvolvimento". Coordenada por Luís Eugênio de Souza, da UFBA, a mesa contou com debatedores como Cid Vianna, da Uerj, Inácio Delgado, da UFJF, e Javier Uribe, pesquisador da ENSP. 
Luís Eugênio abriu a discussão lembrando do rebaixamento da Finep – empresa pública de fomento à ciência – ao quarto escalão do governo, em uma diretoria subordinada aos Correios, depois da reforma ministerial do governo Temer. O isolamento dos cientistas, segundo Luiz Eugênio, ocorreu também pela dificuldade de eles se comunicarem com a sociedade. Ignácio Delgado falou de um estudo que mostra como os sistemas de saúde dos países formatam os modelos de inovação, principalmente na indústria farmacêutica. Cid Vianna acredita que na forma como as instituições se organizam pode estar a chave para entender e propor resistência ao atual modelo sociopolítico que avança penalizando os mais pobres e promovendo bloqueios ao desenvolvimento. 



A segunda mesa do dia discutiu "A dinâmica de inovação e os desafios do complexo da saúde". Marco Vargas, da UFF, e José Maldonado, pesquisador da ENSP, foram os debatedores. Carlos Gadelha, também pesquisador da ENSP, coordenou a mesa. Para Gadelha, a questão econômica deve ser presidida pela social, mas isso não significa estagnação produtiva, e sim o exato oposto disso. Na opinião do pesquisador, "o bem-estar cabe no PIB" e pode ser uma alavanca de desenvolvimento. Voltando-se para a discussão política atual, Marco Vargas lembrou o fato de que o ponto central das discussões é justamente papel do Estado como provedor do desenvolvimento. A divisão maior hoje, na nossa sociedade, seria entre os que acreditam nesse papel e outros que creem em um mercado soberano ditando os rumos da economia. 


"Saúde, desenvolvimento e inovação: desafios para a sustentabilidade do SUS" foi o título da última mesa de discussões, que contou com Carlos Morel, do CDTS, como coordenador, e Lígia Bahia, da UFRJ, Laís Costa e Margareth Portela, pesquisadoras da ENSP, e Ialê Falleiros Braga, da EPSJV, como debatedoras. Lígia lembrou da importância de professores e pesquisadores se posicionarem e oferecerem argumentos sólidos contra o que classificou de "desmoronamento" ao se referir às sucessivas perdas de direitos sociais e desfinanceirização do sistema de saúde pelo qual o país passa. De acordo com Margareth Portela, a inovação não é algo neutro, e, no campo da saúde, há uma série de artigos que demonstram isso ao apontarem para fluxos de recursos que se deslocam apenas para uma parcela restrita da população.